Epitáfio /J.L.Borges (?)
Já somos a ausência que seremos.
O pó elementar que nos ignora,
que foi o rubro Adão, e que é agora
todos os homens, e que não veremos.
Já somos sobre a campa as duas datas
do início e do fim. O ataúde,
a obscena corrupção que nos desnude,
o pranto, e da morte suas bravatas.
Não sou o insensato que se aferra

ao som encantatório do seu nome.
Penso com esperança em certo homem

que não há de saber o que eu fui na terra.
Sob o cruel azul do firmamento

consolo encontro neste pensamento [277].

Héctor Abad Faciolince

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